MILITAR,
EM 1995, ACREDITA QUE ESCAPOU DA MORTE, APÓS SER ATINGIDO POR UM TIRO, NA PRAIA
DO MEIO
SARGENTO PM
GERALDO RECEBEU A COMENDA MAURÍLIO PINTO DE MEDEIROS, EM SOLENIDADE NA CÂMARA
MUNICIPAL DE NATAL. FOTO: JOSÉ ALDENIR/AGORA RN
Há 32 anos na Polícia Militar, o sargento Geraldo
Ferreira de Lima viveu momentos difíceis e desafiadores na carreira. Nascido em
Santa Cruz, cidade no interior do estado, ele entrou na PM no dia 12 de
setembro de 1989, aos 22 anos. Hoje, ele enfrenta uma nova batalha: recuperar a
visão do olho esquerdo.
Geraldo revelou que entrar na corporação não
era um desejo seu no início: “Na verdade, eu incorporei na PM como uma opção de
emprego e por causa do esporte. Eu praticava atletismo desde os 14 anos de
idade.”
Ele fez parte da equipe de atletismo da
corporação. Após passar dois anos competindo, o projeto se desfez por falta de
patrocínio. Assim, o sargento voltou a trabalhar na Rádio Patrulha do 1º
Batalhão. Foi nesse período que a vida de combatente do crime começou em
definitivo para Geraldo, que começou a fazer apreensões de drogas e prisões.
No ano de 2007, o policial começou a
trabalhar em Mãe Luiza. O sargento relata seu trabalho na região: “Como eu já
tinha trabalhado em policiamento à pé e já conhecia os becos de lá, fui fazer o
reconhecimento da área e dos elementos. Na época, não existiam facções, mas
existia a rivalidade entre ruas. Quando eu atendia as ocorrências, as pessoas
passaram a ter mais confiança no meu trabalho. A partir daí, passaram a existir
contatos com informações precisas, que nos ajudaram a tirar armas, drogas e a
estourar bocas de fumo.”
Uma das ocorrências mais marcantes de sua
carreira como policial aconteceu em 7 de agosto de 2004. Nesse dia, conta, três
criminosos fizeram um assalto com refém na loja Insinuante, na avenida Rio
Branco, na Cidade Alta. Na ocasião, o sargento ajudou a prender os criminosos,
libertar o refém e a recuperar os objetos roubados.
“Eu confrontei os três elementos a uma
distância de 10 metros. O atletismo me ajudou a ter agilidade. Eu era
magrinho”.
Em 2014, Geraldo participou da operação que
encontrou e prendeu Isaac Heleno da Cruz, conhecido com Rivotril, traficante de
Mãe Luiza que estava foragido. O acusado morreu após trocar tiros com
policiais. o criminoso foi atingido na região das nádegas e morreu depois de
passar oito dias no hospital.
Em parceria com outras forças de segurança,
como a Polícia Civil e Federal, Geraldo também efetuou prisões de outros
criminosos, como Bruno Mezenga, um dos bandidos mais perigosos da época. “Eles
juntavam a informação que tinham com o meu conhecimento. Aí, a gente fazia
operações em conjunto”.
Após a prisão, Mezenga conseguiu fugir e em
março de 2012, foi morto na calçada de casa por inimigos, recorda o sargento.
Uma carreira policial é sujeita a perdas.
Geraldo também falou sobre os colegas policiais que perdeu durante a sua
trajetória: “Perdi vários companheiros. Teve M. Costa, um cara muito gente
fina, paraibano, que morreu em um transporte coletivo no Midway. Ele foi tentar
impedir um assalto e entrou em luta corporal contra o bandido, que estava
drogado. Quando foram botar ele pra fora do transporte coletivo, a arma de um
dos componentes da viatura caiu. o elemento a pegou e puxou o gatilho. O tiro
pegou acima do colete, aí ele veio a óbito. Quando a gente perde um companheiro
bem próximo, gente sente um bocado também.”
O perigo é uma certeza para qualquer policial
militar que atua em campo. Geraldo relatou detalhes sobre o dia em que,
enquanto trabalhava no policiamento, foi atingido por um tiro, que quase o
matou: “Em 1995, eu fui alvejado enquanto trabalhava na Praia do Meio. Faltaram
dois milímetros para a bala atingir a veia femoral. Eu ainda consegui segurar o
elemento e ele foi detido. Graças a Deus eu tô aqui pra contar a história. Como
eu era muito conhecido e tinha amizade lá na praia, a população linchou ele e
depois de ter ficado sete dias internado, ele não resistiu e morreu.”
Depois desta experiência, o sargento teve que
enfrentar outro desafio: uma doença que quase tirou a sua visão. Em julho de
2021, o milutar descobriu que ser portador de um tumor no globo ocular
esquerdo.
“Durante uma consulta, o resultado foi
catarata. O médico encomendou a cirurgia. Depois, eu e minha esposa fomos em
duas clinicas particulares. Os exames de lá deram glaucoma. Uma das clínicas
encomendou os óculos.”
Com dor de cabeça e a visão já embaçada,
Geraldo voltou a trabalhar em um “bico” (serviço extra) e passou a sentir uma
dor de dente constante. Após procurar um tratamento para as dores, o sargento
voltou para casa. Depois de “tirar um cochilo”, o sargento acordou e quando
abriu os olhos, percebeu que havia perdido a visão do olho esquerdo.
“Quando a minha esposa preparou a comida, ela
perguntou se eu ia comer no quarto ou na mesa. Eu abri os olhos, e quando eu
abri os olhos, não vi mais nada. A partir daí, a gente para o hospital Clóvis
Sarinho. No Onofre Lopes, a tenente coronel Ana Lean, que é oftalmologista,
disse que o problema não era de visão, era neurológico. Quando a gente retornou
para o Clóvis, a tomografia constatou o tumor por trás do globo ocular
esquerdo. Passei sete dias internado no Walfredo Gurgel e fui pra Rio Grande e
lá fui cirurgiado”, relata.
Mas depois de receber alta, mais problemas.
Sentindo dor de cabeça e febre, Geraldo voltou a ser internado por 14 dias.
Atualmente, o sargento não enxerga pelo olho esquerdo: “Eu vejo só vultos. Já
estou recuperado do tumor, mas o tempo de recuperação da visão é de seis meses
a um ano.”
Com uma carreira dedicada ao serviço
policial, o sargento Geraldo foi condecorado com a medalha Bento Manoel de
Medeiros, medalha Luiz Gonzaga (de 20 e 30 anos), além da medalha Mérito
Operacional. No último dia 14, mais uma homenagem: a Comenda Maurílio Pinto de
Medeiros
FONTE - RN AGORA
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